domingo, 17 de maio de 2009

Desaire

Os resultados das eleições na Índia acabaram de ser revelados, e com grande surpresa (devido a sua elevada votação) o grande vencedor foi a Aliança Unida Progressista, que é liderada pelo Partido do Congresso, consegui eleger 252 deputados. Desde de 1991 que o partido da família Gandhi não conseguia um resultado tão claro e positivo, o Partido do Congresso sozinho alcançou 190 deputados. Em segundo lugar ficou a coligação dirigida pelos nacionalistas hindus, NDA, com 162 deputados.

A Terceira Frente (Frente de Esquerda) apenas ficou com 60 lugares no Parlamento, ficando muito longe do que se prometia, além disto os Comunistas do PCI-M perderam muitos votos em zonas que tradicionalmente vencem eleitoralmente com grande margem, como foi caso de Bengala Ocidental e Kerala. Os dados provisórios mostram que o PCI-M tinha conseguia eleger somente 19 deputados, perdendo mais de 20 cadeiras. O líder do PCI-M, Prakash Karat, disse ter sofrido um «grande golpe» e admitiu a necessidade de «um sério exame dos motivos». Outra grande derrotada da noite que chegou a ser encarada como possível primeira-ministra da coligação dos pequenos partidos foi a «Rainha dos Intocáveis», Mayawati Kumari, ministra-chefe do influente Estado de Uttar Pradesh (deste Estado são eleitos 80 deputados). Mayawati é popular entre os cerca de 160 milhões de dalits indianos - uma comunidade heterogénea excluída do sistema hindu de castas que se dedica às tarefas consideradas "impuras", como limpar sanitas, recolher lixo. Mas parece que o seu passado, onde enfrentou acusações de corrupção e atraiu críticas por gastos exagerados em parques e estátuas em sua homenagem, a prejudicou no momento de votar.
Estes resultados não traduzem a ruptura política que se vinha falando/apelando e que parecia ser possível ao longo da campanha. Basicamente o Parlamento ficou na mesma, a única novidade é o grande salto que o Partido do Congresso dá eleitoralmente e o recuou das forças progressistas. Mas apesar disto a AUP não consegue a maioria no Parlamento, mas não fica necessariamente a depender de coligações com outras forças políticas para delinear o próximo Governo.

Cerca de 60% dos 714 milhões de indianos votaram num processo eleitoral que decorre em cinco etapas, começou em Abril e foi finalizado a 13 de Maio. Cerca de 6 milhões de polícias fizeram a segurança ao escrutínio. Facto curioso é que são utilizados elefantes para o transporte das urnas para a votação em regiões de difícil acesso, os animais chegam a caminhar quatro dias seguidos para atingir as áreas remotas do país, e assim garantir que até esses eleitores tenham acesso ao voto.

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