sábado, 24 de dezembro de 2011
.oH oH oH!
.Pai Natal, InêsOink
.O Tacadas no Ar, deseja a todos os seus leitores um Feliz Natal e um Bom Ano 2012! ( :
sábado, 17 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Breve lição a João Duque
.Não há luzes, mas temos criatividade!!
Este post, tem como objectivo demonstrar como nas coisas más, se podem encontrar aspectos positivos, que é o caso da decoração natalícia de Lisboa.
Por motivos financeiros, a Câmara de Lisboa optou por ser criativa e convidou arquitectos e designers para decorarem a nossa querida capital, enchendo-a de cores, alegria e inspiração criativa! ( :
Apesar de pessoalmente adorar as "luzinhas" de Natal, bato palmas a esta grande ideia, porque acho que para além de se tratar de uma ideia inovadora, é ainda uma maneira de dar a conhecer um bocadinho das nossas potencialidades nas áreas da arquitectura e design, ao cidadão comum.
Alguma vez, tinhas pensado nas possibilidades que os objectos banais da tua casa, podem proporcionar-te? !!
Não? Então mexe-te e mãos à obra!!
Um Bom Natal com Criatividade!!
sábado, 3 de dezembro de 2011
.Seguir os sonhos, eis a questão!
Se estas pessoas tivessem ficado pelo mundo da música, não tinha sido melhor?!!
Fica a questão... ...
Manuela Moura Guedes: seguir o sonho >> desistir do sonho
João Loureiro: seguir o sonho >> desistir do sonho
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
.Beijos Impossíveis
.A Benetton aposta novamente numa campanha publicitária que pertende abalar a sociedade. Unhate, tem «(...) o objectivo de fazer uma chamada de atenção global para temas como a proximidade entre os povos, crenças, culturas ou a compreensão pacífica das razões dos outros. O tema central da campanha é o beijo, símbolo universal do amor, protagonizado entre líderes políticos e religiosos.».
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
sábado, 15 de outubro de 2011
.Manuel Lopes Fonseca
.«Que venham todos os pobres da Terra
os ofendidos e humilhados
os torturados
os loucos:
meu abraço é cada vez mais largo
envolve-os a todos!
Ó minha vontade, ó meu desejo
— os pobres e os humilhados
todos
se quedaram de espanto!…
(A luz do Sol beija e fecunda
mas os místicos andaram pelos séculos
construindo noites
geladas solidões.)»
Se Manuel da Fonseca (esse poeta com asas, esse grande escritor) estivesse vivo, hoje fazia 100 anos.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
.'Um Poema por Semana'
75 dias e 75 pessoas diferentes, ditaram 15 poemas.
(podem vê-los e ouvi-los todos aqui)
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
.Este ano, é ano de EXD!
site >>
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
.P3
Tratamos tudo por tu from Público P3 on Vimeo.
«O P3 nasceu para todos os jovens (e não só) que se encontram afastados dos órgãos de informação por não se reverem nos temas tratados. É um site de informação generalista produzido por uma equipa que concilia a experiência jornalística do PÚBLICO com a ousadia dos estudantes da Licenciatura e do Mestrado em Ciências de Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A nossa preocupação é que este site seja feito por jovens e para jovens.»quarta-feira, 21 de setembro de 2011
.Júlio Resende
domingo, 11 de setembro de 2011
.Há 38 anos foi assim...
.Já passaram 10 anos dos atentados nos Estado Unidos da América, hoje a telivisão será invadida por imensas reportagens e imagens.
E eu pergunto, e o que aconteceu há 38 anos atrás? Alguém se lembra?
Há 38 anos, morria Salvador Allende, no Palácio de La Moneda, Santiago do Chile, cercado e bombardeado pelas tropas rebeldes de Pinochet, que eram apoiadas pelo Nixon (presidente dos Estados Unidos da América). Para não variar a história repete-se sempre, e lá estão os Estados Unidos da América a lutar, desta vez, contra a "via chilena para ao socialismo", apoiando um dos grandes ditadores do séc.XX.
Em suma, actos como este não podem ser simplesmente esquecidos, tal como homens como este não lhes podem silenciar o nome!
Salvador Allende, visceralmente democrata e irredutívelmente anti-totalitarista, é uma cara lavada do socialismo.
Amigos!: falemos, hoje pelo menos, de Salvador Allende!
Ele existiu e ajudemos a sabê-lo, porque é a prova de que a justiça social não é impossível!
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Nostalgia da década de 90: Bill Clinton e Monica Lewinsky
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Aquele querido mês de Agosto
Um desses mecanismo, que é pouco frisado, como responsável na queda do regime comunista é o Centralismo Democrático e o papel dominante do partido à frente do Estado. Efectivamente, o Centralismo Democrático é uma forma de organização vital para uma "tomada de poder", pois permite aglutinar um conjunto de indivíduos organizados, disciplinados, coeso e com grande sentido de classe com vista a concretização de projecto socialista/comunista. Nesta forma organizativa a discussão, a reunião e o debate são uma constante quotidiana. Todavia, se na "tomada de poder" o Centralismo Democrático é consequente e incisivo, a frente de um Estado tal teoria tem um potencial melindroso. A história do comunismo contemporâneo atesta tal facto, pois depois da "tomada de poder" os vários partidos comunistas foram diminuindo a capacidade de diálogo interno, a democracia partidária enfraqueceu, aumentou o fosso entre as populações locais e os dirigentes do partido, a burocracia estatal-partidária aumentou, o charme do ideal desapareceu e perante a discórdia a repressão/invasão era o caminho. O partido e seus dirigentes continua intitular-se como a vanguarda da classe operário e dos trabalhadores, no entanto os trabalhadores, inclusive a classe operária, deixavam gradualmente de se rever no partido. Sem embargo, a análise teórica da realidade cessou, o marxismo que é, acima de tudo, uma ideologia contra estaticismos ficou estático naqueles anos. Em 1919 um importante marxista alemão, Karl Kautsky, vaticinava tal facto (A Ditadura do Proletariado):
«A luta de classes proletária, enquanto luta de massas, pressupõe democracia... As massas não podem ser organizadas secretamente, e acima de tudo, uma organização secreta não pode ser democrático. Conduz sempre à ditadura de um único homem ou de um pequeno grupo de líderes. Os membros vulgares só podem tornar-se instrumentos para executar ordens. Um método destes talvez seja considerado necessário para uma classe oprimida na ausência de democracia, mas não iria promover a auto-governação e independência das massas. Em vez disso, aumentaria a consciência messiânica dos líderes e os seus hábitos ditatoriais».
Por fim, um dos próprios méritos do regime comunista foi também um dos seus coveiros: a educação. Os regimes comunistas empenharam-se, - de forma triunfante é preciso dizer -, na alfabetização das suas populações. Desse modo o analfabetismo acaba por adelgaçar drasticamente. Com efeito, o número de indivíduos com um curso superior aumenta bruscamente, ou seja, o regime comunista é responsável pela produção de uma ampla massa intelectual, permitindo uma tremenda mobilidade social. Parafraseando o crítico soviético Alexander Zinoviev, «a revolução acabou por produzir alterações. Vejamos a minha família, que eram camponeses. Como resultado da colectivização da agricultura, os meus pais perderam tudo o que tinham. Mas o meu irmão viria a ser gerente de uma fábrica; o segundo mais velho chegou a Coronel; três dos meus outros irmãos formaram-se como engenheiros; e eu tornei-me professor na Universidade de Moscovo. Ao mesmo tempo, milhões de camponeses russos receberam uma educação formal». É dessa nova massa intelectual que emergem os críticos, e futuros reformadores , do sistema comunista (tal como Zinoviev).
Hoje em dia está mais que confirmado que não foi a crise que originou uma profunda reforma no sistema, mas sim o contrário, a reforma do sistema desencadeou a crise final do regime. Portanto, muitas ilações o movimento marxista deve tirar dos Agostos de 1968 e 1991.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Londres: O Cenário de uma Novela Psico-Nacional
sábado, 16 de julho de 2011
O Papel da Esquerda na Era da Cidadania e dos Movimentos Sociais
sábado, 11 de junho de 2011
Das festas da cidade de Lisboa
Portanto, a política cultural do regime passa em grande medida pela invenção de um leque de tradições, pois como deslindou Hobsbawm a «tradição inventada, que é um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceites; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente uma continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se estabelecer continuidade com um passado histórico apropriado»**.
Neste campo, a «tradição inventada» mais gritado do regime, é o caso das Marchas Populares de Lisboa. Estas são uma prática cultural relativamente recente, estando na origem da actual consciência e identidade bairrista, tão "tradicional" de Lisboa. O seu mentor foi José Leitão de Barros, - um importante intelectual nos meios jornalísticos e cultural de Lisboa, bastante próximo de António Ferro -, que aceitou a ideia do directo do Parque Mayer em realizar um grande, e pioneiro, espectáculo em Lisboa. Decorria o ano de 1932! Por conseguinte, é criado um regulamento para os desfiles e é iniciado a construção de várias marchas representando os distintos bairros de Lisboa. Segundo o regime este comportamento cultural era, nada mais, do que uma tradição com raízes na idade medieval, confirmado desse modo a premissa de Hobsbawam.
Se é verdade que havia vida para além do Estado Novo, como por exemplo os passeios dos neo-realistas no Tejo, não deixa de ser verdade que havia vida no próprio Estado Novo. Isto é, mesmo num regime opressivo, violento e vigilante havia quotidiano e sociabilidade, o próprio leque cultural promovido pelo regime (marchas, ranchos, teatro etc), além da natureza política e ideológica, eram autênticos espaços de sociabilização por parte das populações locais, quer apoiantes do regime ou não. Sabendo que em história não há rupturas absolutas, havendo certas continuidades de um regime para um outro, é pertinente, ou não, afirmar que o grande legado do fascismo português ocorre no campo cultural? Como é o caso das Marchas Populares de Lisboa e a sua cultura bairrista ou mesmo de muitos ranchos.
Notas:
*Muito interessante a história do Jazz que, — ao contrário de hoje em dia que é encarado com um estilo musical de grande profissionalismo —, na altura era, efectivamente, uma música popular com uma vertente de protesto grande. Expandiu-se depois da I Guerra Mundial acabando por ser proibido e perseguido um pouco por todo o mundo, a começar nos próprios Estados Unidos, passando pelos regimes fascistas como a Alemanha Nazi, até à União Soviética. Confrontar a História Social do Jazz, Eric Hobsbawm.
Bibliografia:
HOBSBAWM, Eric (1989). História Social do Jazz. Paz e Terra.
HOBSBAWM, Eric & RANGER, Terence (1984). A invenção das tradições. Paz e Terra.
MELO, Daniel (2001). Salazarismo e Cultura Popular (1933-1958). Viseu: Instituto de Ciências Sociais.
domingo, 5 de junho de 2011
.Dia de ir às Urnas
.Grande parte das conversas dos últimos dias resumem-se a hoje.
Por isso... Não fiquem em casa. Vão votar!
quinta-feira, 2 de junho de 2011
.Festas de Lisboa_2011
.Começou ontem oficialmente as Festas de Lisboa!
As sardinhas vão estar cá durante todo o mês de Junho, com imensas actividades a decorrer para todos os gostos.
Vejam a programação aqui >> http://www.festasdelisboa.com/
«Olha à sardinha assada freguesaaaaaaaaa!!»
sexta-feira, 20 de maio de 2011
O XVII Congresso do PS ou a doce cicuta
Nos passados dias 8, 9 e 10 de Abril, o país suspendeu o seu estado de agonia. Por breves momentos, em terras do Norte, não sei se pela proximidade ao berço da nação, os mais desprevenidos pensaram decerto ter assistido à fundação de um novo país. Todavia, mais de 800 anos volvidos, o horizonte dos pais fundadores há muito que não é precipitarem-se sobre os mouros e, à lei da espada, impor-lhes a sua fé. Pelo seu lado, os Afonsos Henriques da actualidade preocupam-se em delinear, não a estratégia, que mais facilmente fará capitular os infiéis, mas a táctica pela qual subtilmente seduzirão o telespectador. De facto, só esta inveterada mania portuguesa de apontar críticas a tudo o que o rodeia poderá justificar o frequente desabafo: "a televisão nacional tem uma programação cultural pobre". Mentira! – asseguro-vos eu. Nunca em Portugal se levou à cena um espectáculo tão minuciosamente urdido e tão inteligentemente difundido como o último congresso socialista. Tudo, mas mesmo tudo, desde o gáudio dos intervenientes aos momentos de entusiástica aclamação, desde a toada heróica da música de fundo ao semblante sorridente e ao discurso unificante dos congressistas, tudo convergia para um único objectivo: a reabilitação da imagem do líder. Um exercício estético, uma glamorosa
e sórdida encenação à imagem de José Sócrates. Não nos iludamos: a forma deliberada como projecta a sua imagem foi sempre um atributo político de primeiro-ministro, um fiel discípulo do blairismo, o pseudo-socialismo ofuscado pela realidade, ainda ontem saído da maternidade e já hoje a um passo da morgue, onde a substância dá lugar à forma e o socialismo, ou o que dele restava, é prontamente proscrito pelo sofisticado neo-liberalismo, que se assume como único paradigma futuro. Este "socialismo do séc. XXI", de que Blair foi mentor, e do qual Sócrates é um discípulo, é como um daqueles jovens prodígios, de futuro promissor, mas que não se adaptam às provações da vida adulta. Por exemplo, em Inglaterra, após uma ascensão meteórica, o estado de graça de Blair eclipsou-se subitamente, mergulhando o Labour numa depressão, da qual ainda não conseguiu recuperar; em França, Ségolène Royal, mais introvertida, sem ideias e sem discurso, cedeu a vitória a Sarkozy; em Portugal e em Espanha, últimos baluartes desta versão travestida de socialismo, os seus líderes, em especial o português, persistem neste discurso paliativo, de fim anunciado, uma banda sonora com a insígnia da orquestra de câmara do Titanic. Em abono da verdade, não os podemos censurar. Raros foram os episódios na História em que os protagonistas tiveram suficiente sensatez para abandonarem os seus cargos atempadamente. E José Sócrates, não o estando eu a aclamar como vulto da nossa História – não dispenso elogios tão gratuitamente – comunga deste apego pela cadeira, que, para nosso infortúnio, tarda em cair.
Mas retomemos ao nosso enclave do apaixonado nacionalismo, Matosinhos, onde se acha José Sócrates, que tão estoicamente se tem batido por conter a ofensiva liberal. É que, lembremo-nos, esta personagem, que hoje profere ao país o seu desesperado discurso anti-liberal com a mesma solenidade – e parece que, presunçosamente, com a mesma credibilidade – com que Charles de Gaulle instigou os franceses a combaterem a invasão nazi, num esforço último de resistência patriótica, é a mesma figura que, ao longo do seu mandato, mais contribuiu para o projecto liberalizante, de desmantelamento dos serviços públicos de saúde e educação, agora diabolizado. Recorramos à enumeração: no ministério de Sócrates, fez-se a mais bárbara reestruturação do SNS de que há memória, ao abrigo da qual foram arbitrariamente fechados centros de saúde e maternidades, de cuja proximidade dependiam milhares de pessoas, que pronta e espontaneamente – não, não houve nenhum partido político ou central sindical promotor deste protestos, como uma certa esquerda, sempre demitida do seu legado social, nos gosta de fazer crer – acorreram aos meios de comunicação social, a fim de veicular o seu descontentamento; igualmente sob a batuta do actual primeiro-ministro, insistiu-se na aposta nas PPP (parcerias público-privadas). Este modelo de investimento tem-se demonstrado calamitoso para as contas públicas, uma vez que o Estado lavra um contrato com uma entidade privada – por norma, ligada à banca – onde, além de concessionar o equipamento, compromete-se a pagar durante um período de, em média 30 a 40 anos, uma subvenção, que assegura as taxas de lucro fixadas como condição pelo organismo privado. O pioneiro na utilização deste modelo pernicioso de gestão de equipamentos de saúde foi o Hospital Amadora-Sintra. Inaugurado em Setembro de 1995, experienciou 13 anos de gestão privada, ao longo dos quais, o privilégio dos resultados financeiros, em desprestígio da qualidade dos serviços clínicos prestados, conduziu o próprio José Sócrates a convir que "as parcerias público-privadas são úteis para a construção; a gestão hospitalar, essa, deve permanecer pública". Ainda assim, o governo reincidiu em termos de concessão semelhantes para os futuros hospitais de Loures e Vila Franca, respectivamente adjudicados ao grupo Espírito Santo e ao grupo Mello, nos quais a gestão privada, já reconhecida publicamente como ineficaz e nefasta para os utentes, surge de novo contemplada. A submissão do investimento público ao interesse privado, verdadeira definição das PPP, traduz-se num avultadíssimo investimento do Estado, constituindo já uma dívida de 50 mil milhões de euros. Contudo, como a desventura de uns é a sorte de outros, a presidente da comissão executiva do BES saúde, Isabel Vaz, apressou-se a afiançar que "melhor que o negócio da Saúde só o negócio das armas". Ao ser promotor destas parcerias, o executivo socialista facilita a ingerência dos privados no SNS, aspecto em que o PS, quando apela ao voto útil, assevera ser uma das basilares diferenças entre os socialistas e o PSD. E não tenhamos dúvidas, se mais esquadrinharmos, mais similaridades encontramos. A educação pública universal e tendencialmente gratuita é, cada vez mais, um aforismo consagrado na constituição sem qualquer reflexo real. Com um encargo médio por aluno de 1000€/ano lectivo, o ensino superior democratizado é uma ilusão. Para agudizar mais ainda uma situação já por si desedificante, o actual governo restringiu o acesso às bolsas de estudo, estabelecendo regras que, ao serem implementadas, deixaram de fora milhares de estudantes, impedidos assim de prosseguir os seus estudos.
A ilação a extrair destes exemplos é inequívoca: o PS não constitui uma alternativa de esquerda, como nos quiseram fazer crer no último congresso.
Nesta mega encenação de patriotismo exacerbado e de devoção cega ao seu líder, o PS teve como primeira pretensão o branqueamento dos seus anos de governação e, deste modo, capitalizar votos à esquerda. Coniventes nesta estratégia, sobem ao púlpito algumas das vozes mais dissonantes, como a docemente obstinada Ana Gomes. O alcance destas acções não é desconhecido: ao evidenciar a presença de vozes à esquerda, o PS visa a conquista de uma importante parcela do eleitorado desta área. O logro deste intuito, sabem-no, é crucial na óptica eleitoral. Todavia, volvidos tantos anos de governos do Partido Socialista, é já do domínio comum que estas declarações são completamente inconsequentes, já que o PS, em ganhando as eleições, reger-se-á pela mesma cartilha: traçando o seu ideário liberal e silenciando, quantas vezes por meio do exílio consentido – será preciso recordar o código postal de João Cravinho ou da já referida eurodeputada? – qualquer partidário mais desiludido.
De facto, este lirismo despudorado, que caracterizou todo o congresso socialista, espelha a mais real das suas preocupações, ocultar o inocultável: o saldo da sua governação é a entrega incondicional do país aos desígnios do FMI. Indubitavelmente, quem definirá o próximo programa de governo será a troika – tríade ou triunvirato, para que os mais sensacionalistas não intuam nenhuma posição ideológica pela preferência do idioma usado – composta por FEEF, FMI e MEEF. Os partidos do arco do poder e o seu eterno acólito afirmarão frequentemente, durante a campanha eleitoral, que as medidas em breve anunciadas, posto que necessárias, são renegociáveis após as eleições. No que concerne à possível negociação, tenho as mais profundas reticências. Conforme o disposto no semanário Expresso, de 09/04/2011, "[após as eleições], o novo governo ficará comprometido e a pouca margem de manobra que subsistirá estará condicionada às regras de um dos três instrumentos que financiarão Portugal: o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), gerido pela comissão europeia. O peso relativo do MEEP no cômputo total do financiamento é de somente 8%, pelo que "a margem de manobra para a renegociação de alguma das condições do programa deverá necessariamente ter em conta este seu reduzido peso relativo". Este pacote financeiro, sucessiva e erradamente apodado de "ajuda", é-o de facto, porém não para Portugal. Como neste âmbito sou algo leigo, reporto este parecer para o director executivo do FEEF, Klaus Regling, para quem "os mercados reagiram muito positivamente ao pedido português", visto que "isola as três economias mais fracas da zona euro e ajuda a evitar um contágio mais generalizado". Em suma, declara-se o sucesso da operação, pois cumpriu as expectativas dos mercados financeiros e da união monetária, preterindo qualquer menção ao impacto político e social na sociedade portuguesa. Abstenho-me de comentar.
Findo que está o nosso voo sobre as águas turvas da retórica do Partido Socialista, permitam-me fazer uma última, ousada e imprevisível analogia entre Sócrates, o primeiro-ministro, e o homónimo grego, o filósofo. Este último, nome incontornável do pensamento ocidental, foi acusado de desviar os jovens atenienses dos princípios morais e religiosos da polis, sendo condenado a beber cicuta, um veneno mortal. Deste tóxico elixir reza a história que possui um sabor adocicado, prazeroso a quem o toma. Sócrates, o filósofo, perante o dilema de abandonar a cidade ou tomar o veneno, bebeu-o, em nome da coerência das suas posições. Posto isto, imaginemos agora que José Sócrates, o primeiro-ministro, foi também acusado por desvio moral – desta feita, bem mais legitimamente, na minha opinião – e lhe foi decretada igual pena. Neste momento, caros leitores, o nosso orgulho patriótico está mais insuflado que nunca: ditoso é o país que se honra de ter um primeiro-ministro a ombrear, pelos factos, o mais insigne dos filósofos da antiguidade. Não quero cessar o vosso júbilo, mas há um ponto que não é coincidente. Como referi, Sócrates, o filósofo, bebeu cicuta pela manutenção da congruência das suas posições. Ora, não há memória de que Sócrates, o primeiro-ministro, alguma vez tenha zelado pela coerência das suas palavras, aliás, a argúcia com que formula o seu discurso em função da circunstância é um dos seus mais estimados artifícios políticos. Nesta medida, Sócrates, o primeiro-ministro, tomou uma opção muito mais altruísta, no seu entender, claro, proclamando a distribuição do veneno por todos os cidadãos. E nós, ternos incautos, que ignoramos a astúcia natural, segundo a qual um veneno pode ser doce, tragamo-lo avidamente em cada discurso demagógico, sorvemo-lo em cada panfletária manifestação do aparelho do Partido Socialista, certo de que, a este ritmo, a consciência dos cidadãos portugueses estará comprometida em 5 de Junho, data em que qualquer difusa lucidez ou lapso de memória podem consubstanciar-se num voto no PS. Por isso, fica o apelo: quando escutarem discursos de um patriotismo torpe, digno de um Afonso Henriques, que, ao abrigo de uma PPP, erigiu um castelo em Matosinhos, ou oiçam apelos maniqueístas, tais como: "Está o PS comigo?", capazes de fazer ruborizar o líder Norte-Coreano, Kim Jong-Il, ou ainda se vos disserem que um voto no PS é um voto à esquerda, quando tal suceder, CUSPAM – metaforicamente, pois claro – a doce cicuta, que vos corre pela garganta.
A Viagem
(Elaborado na sequência de um trabalho proposto na disciplina de Português, subordinado ao tema: A Viagem)
A viagem é o meio de conhecimento humano. Qualquer processo, por mais intelectual ou sensorial, de obtenção de conhecimento, está subordinado à viagem. Em verdade, implica que nos desvinculemos de nós, em demanda do desconhecido. A viagem assume-se, então, como uma marca essencial no desenvolvimento antropológico, traçando o limbo entre a sabedoria e a ignorância.
Mas deixemo-nos desta estética figurada, que em muito equivoca e em nada esclarece, e explicitemos a matéria em análise. Quando nos debruçamos sobre nós, em busca de uma verdade esquiva, que, decerto, nos mudará a vida e poupar-nos-á a avultada quantia que deixamos mensalmente no psicólogo, é uma viagem. Quando o João, rapazinho de escola com os sentidos efervescentes, fita o denunciado decote da rapariga que avista ao fundo da sala, é uma viagem, mais libidinosa, convenhamos, mas ainda assim uma viagem. Através dos exemplos atrás elencados, a conclusão torna-se óbvia: a viagem é comum e indissociável de toda a experiência humana, porém sê-lo-á qualitativamente?
De facto, os aspectos que mais influem na qualidade da viagem são: o tempo histórico e o conhecimento prévio. Procurarei ilustrar retrospectivamente o primeiro argumento. D. João I achava-se entediado com os milenares pleitos entre cristãos e infiéis. Estes já não constituam uma viagem, pois, de tão praticados, estavam despojados de todo o mistério. Numa época em que a Europa começava a irromper das trevas, havia um clamor velado, mas generalizado, no sentido de se descobrir, de se viajar. O rei português atende ao pedido, empreendendo uma expedição temerária, primeiro ao Norte e, de seguida, ao longo da costa africana. Por certo dirão que estou a efabular a História, as viagens de D. João I terão sido outras, conhecido que ficou pelas suas incursões aos aposentos das cortesãs do reino, deixando os marinheiros, esses sim, a braços com o impiedoso escorbuto no meio do Atlântico. Se pela provação não passou, para a posteridade fica como o mentor da expansão marítima portuguesa, já que contra as insensatas roldanas da história nada posso fazer. Votemos o rei ao seu descanso eterno e extraiamos ilações: sem dúvida, era um outro tempo. À época, os homens encontravam-se apostados em perscrutar o mais remoto detalhe de uma Terra virgem, insondada e vasta, conquanto para isso tivessem de exorcizar os seus mais profundos receios, originários de um período onde o feudo espartilhava o Homem, e o impedia de viajar - de conhecer. A questão impõe-se: Será que esta audácia, traduzida numa vontade infrene de conhecer – viajar -, hoje prevalece? A resposta contemplará o segundo argumento: o conhecimento prévio. Em verdade, naquela época, a sabedoria era escassa, residual, aliás, salvo raros pólos, poder-se-ia mesmo dizer inexistente. Ainda assim, uma fome insaciável da matéria a conhecer permitirá, a séculos de gerações diligentes, edificar o conhecimento contemporâneo. E hoje? Hoje que a informação é copiosa, as fontes são múltiplas e o conhecimento está à distância de um clique, o que sucede? Assiste-se a uma inflexão da conduta das massas, outrora tão envolvidas com parcos recursos, agora abúlicas e alheadas. A viagem foi destituída de vicissitudes e a alienação apossou-se da sociedade. Contudo, numa história recente, o artifício de uma viagem simplificada, liberta de uma deslocação física e de uma escolástica ideologicamente vincada dos meios de comunicação escrita, já inspirou muitas paixões. Quando, numa sociedade em convulsão como na década de 60, a fiel realidade das objectivas, que cobriam a Guerra do Vietname, deslindou o conceito do esforço patriótico, opondo os crimes de guerra norte-americanos à panfletária crença de uma nação na cruzada pela democracia, uma imensa torrente de pessoas encheu as avenidas. Mais elucidadas que nunca, as pessoas encontravam-se perplexas perante a possibilidade de viajarem por meio do simples acesso ao seu televisor, sendo criado um ambiente de adesão massificado. Porém, com o volver dos anos, a toada já prosaica da tecnologia de informação extinguiu o fenómeno.
Actualmente, só uma pergunta subsiste: porquê procurar conhecer - viajar? Eu próprio me debato com esta questão. Todos os dias, as estações noticiosas presenteiam-nos com a sua gama de comentadores, que gentilmente nos mastigam, digerem e defecam, até, a informação. O mais ilustre de todos eles será mesmo José Pacheco Pereira. Este vulto da verborreia portuguesa, que aborda todos os assuntos com a mesma aparente propriedade e tem a idiolatria por religião, é a personificação de uma viagem incompleta. No seu espírito há muito que operou uma revolução ideológica, que o conduziu ao neo-liberalismo, todavia, exteriormente, a sua compleição é capaz de converter o mais inveterado dos ateus socialistas, fazendo-os crer, sobretudo pela cópia fiel da barba, que Karl Marx regressou à Terra. Afastando-nos da ironia, foquemo-nos no seguinte: pode este saber sintetizado ser prolífico à sociedade? De modo algum. Ao ser sermos fiéis receptores desta palavra depurada por outrem, igualamo-nos aos seguidores de Marco Polo, que não obstante ter sido um exímio explorador, não se coibia de fantasiar aspectos das suas viagens, a fim de estas se tornarem mais sedutoras e do agrado de um enorme contingente de pessoas. Claramente isto não é viajar.
Viajar compreende focalização interna e externa. Os olhares simultâneos, para nós e para o outro, são elementos complementares, cuja desarticulação resulta numa experiência imperfeita: ou não registamos devidamente o observado durante a viagem, ou o acomodamos na mente sem submissão à nossa consciência.
Em suma, a viagem, enquanto meio de conhecimento, alavanca todo o progresso humano, sendo, porém, susceptível de factores como o tempo histórico ou o conhecimento prévio, que poderão condicionar, negativa ou positivamente, a qualidade e a celeridade do processo.
O autor deste texto gostaria, antes de terminar e em jeito de adenda, de lançar um repto a duas personalidades, que, em seguindo as minhas solicitações, certamente contribuiriam para um esclarecimento mais pleno da sociedade portuguesa. Ao professor Medina Carreira, rogo-lhe que regresse ao seu corpo. Segundo julgo saber, o professor abandonou-o logo após 1978, data em que se evadiu da pasta das finanças e rumou ao cerne do seu ser, nunca mais tendo regressado, quanto a mim devido a um narcisismo patológico, quanto ao professor devido à sua grande auto-estima. O seu corpo foi depois tomado por Nostradamus, cuja idade, infelizmente, já só lhe permite elucidar os portugueses em plano inclinado. Para o doutor José Pacheco Pereira, tenho por prece que siga a metrossexualidade dos seus pares e que, entre a hecatombe de liftings e de peelings, não tenha disponibilidade de falar à população. Sem estes dados consumados, não tenhamos dúvidas: até o mais intenso Sol de Atenas pode vir alumiar a mente mais obscura, até a mais frutuosa viagem pode ser percorrida pelo povo lusitano, que estes senhores, assim como outros, estarão, quais velhos do Restelo, a prenunciar a desventura das caravelas que seguirão para a Índia, a mais insigne das viagens nacionais.