segunda-feira, 8 de junho de 2009

Após o ato eleitoral.

Está acabado o primeiro de três importantes processos eleitoral.

É impressionante o número da abstenção, aumentou comparativamente à 2004, situando-se nos 5 934 346 cerca de 62% dos eleitores. É ainda, para mim, mais impressionante e motivo de reflexão, os impressionantes 236 mil boletins que deram entrada nas urnas de votos em branco ou que foram considerados nulos, em 2004 já tinha havido cerca de 134 mil boletins desse género. Penso, talvez enganado, que é o maior resultando eleitoral no branco em Portugal. Com o “nascimento” de tantos movimentos e partidos políticos distintos (ou talvez não), com os partidos da oposição na rua em força contra o governo, com o governo também em força e empenhado por todo país, não pode deixar de ser motivo de reflexão como é que não se consegue captar essa enorme massa descontente.

Numa região fortemente afectada pelo desemprego, no distrito de Leiria, os votos em brancos e nulos somados conseguem ultrapassar o CDS-PP e a CDU ficando muito perto do BE, noutros distritos como de Coimbra e Beja ficam a frente do CDS-PP.

É essencial, tentar perceber o descontentamento desta enorme massa eleitoral (que certamente passa pela grande desconfiança na classe política do país, devido aos casos de corrupção e de abuso de Poder que se tem avivado no país, bem como a ideia que os políticos vão para o PE garantir o “tacho” e nada mais. O que não ajuda em nada foi a proposta de aumento do vencimento dos eurodeputados subindo para cerca de 7 mil euros mensais, que só encontrou o voto contra na CDU entre os eurodeputados portugueses, em plena crise social) e conseguir ou tentar transformar esta enorme “massa branca” em votos realmente de protesto fazendo com que estas pessoas acreditem que «sim é possível uma vida melhor» um futuro melhor.

São mais de 200 mil pessoas, desempregados, jovens sem rumo, estudantes, empregados explorados, precários, reformados que ontem fizeram questão de ir a mesa de voto e votar em branco, ou votar no Mourinho ou nos «Machine Head», riscar o boletim com uma enorme cruz ou escrever: «são todos iguais; vão mas é trabalhar chulos». Estas 200 mil pessoas também são elas um claro reflexo dos tempos de crise e descontentamento e desconfiança na classe política que se aviva em Portugal, e por toda a Europa. Claro que também muitos destes votos brancos devem ser de pessoas ligadas ao PS que não tiveram a coragem de votar noutras forças partidárias e com o voto em branco fizeram o seu protesto contra o governo. Todavia, o objectivo deve ser trazer de novo as pessoas a vida política activa e participada, mas para atingir esse fim os partidos do Poder necessitam de repensar e reestruturar a sociedade para esse fim.

Indo agora aos votos nos partidos, penso que existe uma clara derrotada do PS que perdeu comparativamente a 2004 mais de 600 mil votos, inclusive não consegui chegar a 1 milhão de votos, ficando no limiar dos 950 mil votos. O cartão amarelo/avermelhado está dado a Sócrates e sua equipa europeia, penso que para este resultado negativo contou como é claro as políticas do governo Sócrates, as promessas por cumprir de um referendo ao tratado de Lisboa em Portugal feita pelo PS e o mau desempenho de Vital Moreira e de seu comitiva que só foi ao bom de Portugal, só falou do “progresso” português, não foi ao contacto dos trabalhadores, agricultores nem dos problemas efectivo do país e da EU. Espera-se profundamente que como eurodeputado português Vital Moreira represente os interesses de Portugal no PE e não abandone o cargo mal possa. O facto de terem cortado a palavra em directo ao PM Sócrates, para transmitirem o discurso de outro candidato, é um acontecimento simbólico que marca uma ruptura com a consolidação da influência do governo Sócrates.

Os vencedores da noite, apesar de nem todos da mesma maneira, foi toda a oposição ao governo Sócrates: PSD, BE, CDU CDS-PP e talvez o MEP.

O PSD apesar de se manter com uma semelhante votação e eurodeputados de 2004, ganhou devido a queda eleitoral do PS bem como ao surgimento de um indivíduo que parece ter conseguido voltar a colocar o PSD no mapa do Poder político em Portugal. Mas esta fórmula de vitória pode vir a dar derrotas, pois agora espera-se que o Sr. Rangel fica no PE e possa fazer um bom trabalho ao serviço dos interesses do povo português, mas com o “Don Sebastião” do PSD em Estrasburgo como vai decorrer as próximas campanhas do PSD?

O vencedor mais falado e emblemático da noite foi o Bloco de Esquerda. Foi sem dúvida a força da oposição que mais subiu e fortemente, triplicou os seus votos e eurodeputados comparados com 2004. Está eleição é somente a terceira vez que o BE participa, em 1999 conseguiu 62 920 votos e nenhum eurodeputado, em 2004 duplica o seu resultado obtendo 167 mil votos e 1 eurodeputado, Miguel Portas que segundo as estatísticas é um dos eurodeputados menos produtivos no PE. Em 2009 triplica a votação consegue 381 mil votos e 3 eurodeputados, passam da quinta força política portuguesa no PE para a terceira força.

O BE é um fenómeno que começar a deixar de o ser, já encontrou o seu espaço político e social e em eleição após eleição e sem muito trabalho de rua e sem muita militância consegue subir a sua votação, já sonha com certezas outras paragens. Mas muito seriamente não vejo o BE e entrar em alianças com este PS de Sócrates.

A CDU, caiu para quarta força política na Europa, mas conseguiu garantir a subida dos seus votos em cerca de 70 mil votos, é salto eleitoral enorme e fruto de muito trabalho, à quinze anos que não acontecia uma subida eleitoral tão elevada por parte da CDU. Garantiu na mesma os 2 eurodeputados, ficando muito perto da conquista do terceiro. O aumento do seu eleitorado é um abrir de portas as boas expectativas nas futuras eleições autárquicas, a CDU ficou a frente do PS no distrito de Évora.

O CDS-PP também foi um dos claros vencedores, principalmente contra as sondagens... continua a ser a quinta força política.

Em relação aos pequenos partidos somada a sua votação em conjunto dá um resultado perto dos 190 mil votos. Penso que o único que se pode salientar seja somente o MEP, Movimento Esperança Portugal, conseguindo ultrapassar os 50 mil votantes. A ver vamos se não se torna noutro fenómeno como o BE.

Analisado eleitoralmente por distrito o PS é o grande derrotado, consegue ganhar somente em dois distritos, Portalegre e Lisboa. A CDU garante o segundo lugar conseguindo conquistar o primeiro lugar em três distritos, Beja, Évora e Setúbal. O PSD fica em primeiro lugar nos restantes distritos, inclusive nos Açores e claro Madeira.
O resultado somado do BE com da CDU e do PP ultrapassa o PS, é um clara derrota para força maioritária na Assembleia da República.

Futuramente: o PS teve a prova, provada, que não ira ser fácil ganhar as futuras eleições para Assembleia da República com semelhantes políticas que tem vindo a praticar nos últimos anos; o PSD vai ter que encontrar um indivíduo que o seu comportamento e perfil sejam semelhante ao Sr. Paulo Rangel; é esperar para ver como ira ser a reacção da população e dos meios de comunicação em relação ao BE que passa a ser a terceira força política e a CDU apesar de aumentar os seus votos passa a ser a 4 força política, pois não me espantava nada este acontecimento ser encarado como uma boa forma de voltar a “cavar” a cova para a CDU e o PCP, que começou a ser cavada por muitos em 1991 mas foi interrompida em 2004/2005 com o regresso a subida eleitoralmente da CDU.

Por fim imaginar estes resultados numas legislativas futuras, dava cerca de 21 deputados a CDU e semelhante ao Bloco de esquerda. A “esquerda” tinha consolidado uma forte presença no parlamento que garantia, em princípio, o chumbo de diplomas que afectam a vida de milhares de portugueses. Mas a ver vamos como vai ser resultado eleitoral dessas eleições.

Por fim, e no plano europeu, é assustador o salto considerável dos partidos de extrema-direita, bem como a vitoria dos partidos de direita que são confesso adeptos do regime neo-liberal e do capitalismo num período histórico de profunda crise do sistema capitalista o recuo dos partidos de centro esquerda e de esquerda, mas essencialmente das forças contrarias a exploração.

1 comentário:

Anónimo disse...

vcs sao uns palhacos