Agosto é um dos meses emblemáticos da história da União Soviética e dos ditos países de influência soviética. Os anos de 1968 e 1991 são exemplos históricos elucidativos da tremenda crise ideológica, económica, partidária, política, militar e, com efeito, social que entranhava o socialismo real. O que fez o sistema comunista cair? Vários mecanismos inerentes ao próprio sistema comunista!
Um dess

«A luta de classes proletária, enquanto luta de massas, pressupõe democracia... As massas não podem ser organizadas secretamente, e acima de tudo, uma organização secreta não pode ser democrático. Conduz sempre à ditadura de um único homem ou de um pequeno grupo de líderes. Os membros vulgares só podem tornar-se instrumentos para executar ordens. Um método destes talvez seja considerado necessário para uma classe oprimida na ausência de democracia, mas não iria promover a auto-governação e independência das massas. Em vez disso, aumentaria a consciência messiânica dos líderes e os seus hábitos ditatoriais».
Por fim, um dos próprios méritos do regime comunista foi também um dos seus coveiros: a educação. Os regimes comunistas empenharam-se, - de forma triunfante é preciso dizer -, na alfabetização das suas populações. Desse modo o analfabetismo acaba por adelgaçar drasticamente. Com efeito, o número de indivíduos com um curso superior aumenta bruscamente, ou seja, o regime comunista é responsável pela produção de uma ampla massa intelectual, permitindo uma tremenda mobilidade social. Parafraseando o crítico soviético Alexander Zinoviev, «a revolução acabou por produzir alterações. Vejamos a minha família, que eram camponeses. Como resultado da colectivização da agricultura, os meus pais perderam tudo o que tinham. Mas o meu irmão viria a ser gerente de uma fábrica; o segundo mais velho chegou a Coronel; três dos meus outros irmãos formaram-se como engenheiros; e eu tornei-me professor na Universidade de Moscovo. Ao mesmo tempo, milhões de camponeses russos receberam uma educação formal». É dessa nova massa intelectual que emergem os críticos, e futuros reformadores , do sistema comunista (tal como Zinoviev).
Hoje em dia está mais que confirmado que não foi a crise que originou uma profunda reforma no sistema, mas sim o contrário, a reforma do sistema desencadeou a crise final do regime. Portanto, muitas ilações o movimento marxista deve tirar dos Agostos de 1968 e 1991.
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